Escherichia coli

A Escherichia coli é uma bactéria na forma de bastonete, e anaeróbia facultativa. Seu habitat primário é o trato gastrintestinal de humanos e outros animais endotérmicos (“de sangue quente”). É considerada um indicador de qualidade de água e alimentos através da análise de coliformes fecais: nome dado a um grupo de bactérias que habita o intestino dos referidos animais.

Grande parte da população desse grupo é formada pela Escherichia coli e, dessa forma, sua presença sugere a possibilidade de haver, naquele local, micro-organismos intestinais capazes de provocar doenças.

Geralmente a bactéria em questão habita o intestino sem causar problemas de saúde. No entanto, ao se direcionar para a circulação sanguínea ou outras regiões do corpo, é capaz de provocar infecções.

Esse quadro pode também se manifestar pela ingestão de água ou alimentos contendo cepas da bactéria, liberadas juntamente com as fezes de indivíduos contaminados; pelo contato com animais doentes, e com profissionais da saúde ou instrumentais médicos contaminados. Além disso, por algum problema de saúde, o próprio hospedeiro pode permitir que a bactéria desencadeie a doença; como nos diz o professor doutor Alexandre Bella Cruz1.
 

Alguns desses problemas de saúde são:

– Diarreia do viajante, também chamada de gastrenterite, que provoca desarranjos gastrointestinais;

– Cistite, que provoca inflamação da bexiga urinária;

– Meningite (inflamação das meninges) em neonatos;

– Sepse, também chamada de septicemia, que é um quadro grave que une os sintomas de uma infecção generalizada preexistente à resposta inflamatória do organismo;

– Peritonite, que é a inflamação do peritônio: membrana que reveste parte da cavidade abdominal.
 

Bella Cruz acrescenta que as bactérias naturalmente vão evoluindo para superar as condições adversas que encontram, o que justifica a existência de tantas variedades da mesma espécie bacteriana. Elas podem desenvolver a capacidade de produzir substâncias tóxicas, além daquelas que facilitam sua invasão e/ou adesão ao epitélio do hospedeiro. Também têm condições de produzir componentes celulares que dificultam a sua eliminação pelo sistema imunológico do hospedeiro (cápsula); ou que facilitam sua adesão, e transmissão de informações genéticas entre indivíduos (fímbrias). O conjunto destas “habilidades” ajuda na determinação do seu grau de virulência e patogenicidade.

Dentre suas variantes, há a EC Entero-hemorrágica: a responsável pelo surto que está ocorrendo na Europa. Esta, identificada como O104:H4, provoca a colite hemorrágica e a síndrome hemolítico-urêmica. Neste último caso, em virtude da ação de suas toxinas, ela provoca a destruição das células do epitélio do intestino, e o rompimento de vasos encontrados ali e nos néfrons (responsáveis pela filtração de sangue nos rins).

O quadro pode desencadear insuficiência renal aguda e, em situações ainda mais sérias, convulsões e problemas graves no sistema nervoso. Assim como grande parte das infecções, as crianças e os idosos são naturalmente mais vulneráveis a desenvolver tais sintomas, com incidência um pouco maior em indivíduos do sexo feminino.
 

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