Clonagem humana

O nascimento da ovelha Dolly possibilitou que passássemos a avaliar a clonagem humana como algo viável. Paralelamente, trouxe opções das quais poderíamos nos beneficiar: desde a possibilidade de pessoas que precisam ser transplantadas conseguirem órgãos compatíveis; à esperança de ter de volta aquele ente querido que morreu; ou mesmo a realização da ideia de se tornar imortal. Além disso, também trouxe muitas discussões, dúvidas e posicionamentos favoráveis e não favoráveis.

Clones são células ou organismos originários de uma única célula, sendo idênticos a ela. Deste modo, muitos vegetais, protozoários e fungos são clones; assim como gêmeos univitelinos. Quando se trata de clones tal como a ovelha Dolly, ou seja, que jamais poderiam ter surgido de forma natural, a questão se torna um pouco diferente.
Dolly foi clonada a partir de uma célula somática diferenciada, elaborada a partir da transferência do núcleo de uma célula somática da glândula mamária de uma ovelha branca para um óvulo sem núcleo, de uma ovelha negra. Tal célula passou a se comportar tal como um óvulo que acabou de ser fecundado e, apesar de ela ter sido gerada por uma ovelha também negra, Dolly nasceu idêntica à dona do núcleo.

Tal novidade abriu portas para novas pesquisas, uma vez que até então se acreditava que células somáticas diferenciadas não poderiam ser capazes de originar diversos tipos de tecidos diferentes. Por outro lado, a experiência com Dolly levantou um grande número de desafios. Um dos primeiros inclui o fato de esses procedimentos, até agora, provocarem um alto índice de tentativas malsucedidas até que se consiga que uma gestação vá até o fim. Outro ponto significativo é a questão de como driblar os problemas de saúde que a grande maioria dos indivíduos clonados têm apresentado – inclusive o envelhecimento precoce. Dolly, por exemplo, desenvolveu artrite precocemente, o que não costuma acontecer em indivíduos com a idade que tinha na época.

Assim, surgem novas questões interessantes, como: será que a clonagem humana é realmente possível? Se sim, será que tal procedimento é ético? Quais seriam os riscos e as implicações desse fato? O que fazer com os possíveis clones que nascerão com deficiências significativas e que forem rejeitados pelas suas famílias? Talvez prevendo as implicações éticas dessa questão, em 2003 foi assinado um documento no qual diversos países, inclusive o nosso, buscam proibir esse tipo de clonagem em humanos, denominada clonagem reprodutiva.

Por outro lado, surge uma nova possibilidade: a clonagem terapêutica, também – e mais adequadamente – chamada de clonagem para fins biomédicos, clonagem para a pesquisa terapêutica, ou clonagem investigativa. Esta se diferencia da clonagem reprodutiva porque não tem como objetivo a implantação da célula, o que inviabiliza a possibilidade de se gerar um novo ser vivo, clonado. Assim, permitiria com que, a partir de células capazes de se diferenciar, qualquer tipo de tecido fosse formado; driblando muitas das implicações éticas significativas que a clonagem reprodutiva apresenta (mas não as excluindo totalmente).

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