Exercícios: Vírus

1) Na provável evolução dos seres vivos, acredita-se que os vírus surgiram após o aparecimento de diferentes grupos, tanto procariontes como eucariontes. Baseando-se na estrutura viral e dos organismos celulares, aponte argumentos que reforcem esse provável mecanismo evolutivo.
Por não terem metabolismo próprio, os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios. Necessitam, portanto, de uma célula hospedeira para serem multiplicados.
– A hipótese mais aceita sobre a origem dos vírus é que eles derivam de trechos de ácidos nucléicos que “escaparam” de organismos celulares. Dessa forma, teriam surgido a partir de bactérias, protistas, fungos, plantas e animais. Essa hipótese é sustentada pela grande similaridade existente entre o material genético dos vírus e das células que eles infectam – similaridade maior do que a verificada entre os diferentes tipos de vírus.
2) Baseado(a) nos fenômenos que envolvem a duplicação das moléculas de DNA e RNA respectivamente, explique por que é mais difícil desenvolver vacinas eficientes e duradouras contra vírus de RNA e retrovírus do que para vírus de DNA.
Porque os vírus de DNA carregam consigo um sistema de enzimas de reparo que conserta erros que acontecem durante a duplicação. Já os vírus de RNA não possuem esse sistema. Dessa forma, os vírus de RNA são mais mutagênicos, o que dificulta a fabricação de vacinas duradouras.
3) Analise a situação a seguir. “Em um experimento feito em laboratório foram preparados meios de cultura para os seguintes organismos:
MEIO 1: Bactéria A, autótrofa e produz uma enzima específica para a digestão de proteínas de capsídeo de vírus bacteriófagos.
MEIO 2: Bactéria B, heterótrofa e utiliza os nutrientes do meio em que se encontra. MEIO 3: Vírus bacteriófago; realiza ciclo lítico.”
Ao serem colocados em um mesmo meio de cultura, qual(is) dos organismos ainda poderia(m) ser observado(s) após algum tempo? Justifique sua resposta.
A bactéria A, uma vez que o vírus bacteriófago não conseguirá realizar o ciclo lítico na mesma.
4) Leia o texto abaixo:
Crianças vivendo num Mundo com AIDS

No mundo existem quase 40 milhões de pessoas infectadas pelo vírus HIV, sendo que 40%, aproximadamente, são mulheres. No final de 1997, um milhão de crianças com menos de 15 anos estavam infectadas, sendo que 90% desse total vive em países em desenvolvimento. Nos países desenvolvidos, inclusive nos Estados Unidos, os cuidados pré-natais diminuíram a incidência da AIDS perinatal.

Entre 1987 e 1999, 30.000 crianças de até 15 anos perderam a mãe para a síndrome, segundo um estudo do
Ministério da Saúde (gráfico).
Esse é um dos lados mais cruéis da mudança de perfil da síndrome. No início da epidemia, a doença estava restrita a homossexuais e usuários de drogas injetáveis que compartilhavam seringas infectadas. No Brasil, em
1988, quase metade dos portadores de Aids eram gays e um em cinco era usuário de drogas. Nos últimos cinco anos, as relações heterossexuais passaram a ser a principal forma de transmissão da doença. O resultado é que aumentou dramaticamente o número de mulheres atingidas.
Na década de 80, havia uma mulher contaminada para cada dezessete homens na mesma situação. Agora, a proporção é de uma para dois. É nesse contexto que as crianças se transformam em vítimas potenciais da Aids. Algumas correm o risco da contaminação ainda no útero materno e todas vivem sob a ameaça de morte da mãe. Há no país cerca de 200.000 filhos de mulheres portadoras do HIV. Três em cada dez são crianças cujas mães já desenvolveram a doença.

 

(Veja, 09/02/2000, com adaptações de U.S. Department of Health and Human Services – pg 1085 a1091 e www.aids.gov.br )
 
Com    base    no    texto,    no    gráfico   e    em conhecimentos correlatos, aponte pelo menos duas formas de reduzir a incidência perinatal de AIDS em cada um dos casos citados abaixo:
a- Mulher solteira e sexualmente ativa:
b- Mulher casada e com pretensão de engravidar:
c- Mulher grávida portadora de HIV:
a- uso de camisinha durante as relações sexuais;
redução do número de parceiros sexuais.
b- Realizar exame pré-nupcial e/ou pré-natal;
Exigir do companheiro exame pré-nupcial; fidelidade de ambos
c- Tomar AZT a partir do 4º mês de gravidez; Não amamentar.
a- Mulher solteira e sexualmente ativa:
b- Mulher casada e com pretensão de engravidar:
c- Mulher grávida portadora de HIV:
 
5) No início da epidemia, a transmissão sexual da AIDS era  praticamente restrita a homossexuais. Atualmente, em alguns países, particularmente nas sociedades industrializadas, intervenções efetivas vêm diminuindo a transmissão do HIV por práticas homossexuais masculinas. Embora dados de incidência sejam esparsos, em cerca de 20 países o número de novas infecções adquiridas deste modo provavelmente se estabilizou ou mesmo decresceu nos últimos cinco anos, atribuindo-se tal tendência não só às intervenções realizadas mas também a características comportamentais destas populações, supostamente mais suscetíveis à organização, mobilização e reconhecimento dos riscos. Por outro lado, em todas as sociedades, a transmissão heterossexual responde por um número crescente de infecções. Abaixo são apresentados dados epidemiológicos dos casos de AIDS no Brasil e no DF de 1984 a 1999. (www.aids.gov.br, com adaptações)

Sabendo-se que a infecção heterossexual entre adolescentes de 13 e 19 anos em 2000 no Brasil era 2,2% (de um total de 2,9%) na população feminina e de 1% (de um total de 2%) na população masculina, e baseando-se no texto, nos gráficos e em conhecimentos sobre AIDS/HIV, responda:
 
a) Cite dois fatores comportamentais/psicológicos que poderiam explicar a maior incidência de casos de AIDS entre heterossexuais a partir de meados da década de 1990 no Brasil e entre 98 e 99, no Brasil e no DF.
b) Cite um fator biológico que poderia explicar o maior número de adolescentes do sexo feminino infectados em relação a adolescentes do sexo masculino.
a) O não uso de camisinha devido à:
abuso de álcool  e drogas è sexo inseguro;
namoro firme: se for pedido o uso de camisinha o(a) parceiro(a) pode desconfiar de infidelidade; paixão: imagem falsa de segurança negando os riscos inerentes ao não uso de preservativos; mulheres jovens: medo de serem abandonadas pelo parceiro caso exijam o uso da camisinha;
apelo erótico dos meios de comunicação: propaga-se sexo como algo não planejado e comum e, na maioria das vezes, ninguém se infecta nem adoece;
pensamento machista de que AIDS ainda só é transmitida através de relações homossexuais ou drogas injetáveis.
b) Mulheres jovens possuem células de defesa imaturas dentro da cavidade vaginal e no colo do útero que não impedem a infecção, como nas mulheres mais velhas;
O esperma possui maior concentração de vírus do que a secreção vaginal;
O tempo de exposição ao líquido seminal é maior nas mulheres, uma vez que a vagina é interna e de difícil acesso pra ser lavada, ao passo que o pênis é externo e fácil de lavar após o ato sexual. Dessa forma, os homens possuem grande capacidade de transmissão de DSTs, o que, por sua vez, facilita a infecção pelo HIV;
As mulheres são assintomáticas para um grande número de DSTs, além da maioria das infecções serem intravaginais
(somente o exame ginecológico é capaz de detectar). Isso faz com que grande parte dessas infecções não sejam tratadas. Dessa maneira, aumentam as chances de contrair HIV.
6)  Analise a tabela abaixo sobre a distribuição dos casos de AIDS, segundo período de diagnóstico e categoria de exposição no Brasil, ente 1980 e 2000 para responder à questão.

Categoria de

exposição1980-
19901991199219931994199519961997199819992000TOTAL%%%%%%%%%%%%Sexual
Homossexual Bissexual Heterossexual55,3
31,1
14,8
9,449,6
23,1
12,6
13,949,9
21,0
11,5
17,548,5
17,9
9,7
20.848,1
16,6
9,3
22,246,8
14,3
8,0
24,546,7
13,2
6,9
26,650,1
12,9
7,4
29,560,4
13,3
9,1
38,061,8
12,6
9,3
40,064,7
13,4
6,6
42,852,2
17,4
9,7
25,0Sangüínea
Hemofílico Transfusão Drogas injetáveis23,9
2,5
3,0
 
18,428,8
1,1
2,2
 
25,527,0
0,6
2,0
 
24,425,8
0,4
1,8
 
23,522,9
0,4
1,6
 
26,921,1
0,4
1,6
 
19,219,7
0,4
1,4
 
17,917,5
0,3
0,9
 
16,313,9
0,2
0,1
 
13,612,4
0,1
0,1
 
12,310,0
0,0
0,1
 
9,920,5
0,6
1,4
 
18,5Perinatal1,62,32,42,43,03,33,53,63,02,62,22,8
Dados obtidos do site www.aids.gov.br
a) Considerando que a camisinha é o único método eficaz na prevenção da AIDS, cite 2 fatores que poderiam ter contribuído para a redução da transmissão homo e bissexual da aids e o aumento da transmissão heterossexual nos períodos apresentados (não considerar transmissão sangüínea nem perinatal).
b) Cite um fator que poderia ter contribuído com a redução da transmissão de AIDs por drogas injetáveis.
c) Cite um fator biológico/comportamental que poderia ter contribuído com o aumento de AIDS perinatal até 1997 e com sua posterior redução até 2000.
7)  No século das armas de destruição maciça e das guerras mundiais, nada matou tantos tão rápido quanto a gripe espanhola, também chamada influenza. Em 1918, quando a Europa acabava de enterrar dez milhões de vítimas da Primeira Guerra, surgiram na Espanha os primeiros casos, daí seu nome. Os sintomas eram de uma pneumonia extremamente contagiosa propagada pelo ar. Ainda não havia antibióticos e os pacientes morriam aos milhares. Em questão de meses, o contágio evoluiu para uma pandemia mundial que fulminou 21 milhões de pessoas, 1% da humanidade. O total de vítimas não confirmadas pode ter sido maior. Há quem diga que a espanhola matou entre 40 e 50 milhões. A velocidade com que se alastrou foi impressionante quando se leva em conta que não havia aviões de passageiros e as viagens eram feitas de navio. Em números gerais, a Segunda Guerra matou mais: 50 milhões em seis anos de conflito. Se a gripe tivesse durado tanto, dizimaria 63 milhões. A Aids, só para comparar, matou 200 mil pessoas desde 1980.
Em 1920, tão misteriosamente como surgiu, a gripe desapareceu. Tudo indica que a gripe espanhola foi causada por uma mutação no microorganismo que ataca os porcos. A descoberta comprova a teoria de que os vírus de gripes suínas são os mais contagiosos quando atacam humanos. Duas outras epidemias que surgiram na Ásia em
1957 e em Hong Kong em 1968 foram transmitidas por porcos. (Isto É, 2 abril 1997)
Baseando-se no texto e em conhecimentos sobre vírus, responda:
a) Que tipo de ciclo reprodutivo o vírus da gripe espanhola manteve no corpo dos afetados durante a pandemia da
Gripo Espanhola? Justifique.
b) No trecho “Ainda não havia antibióticos e os pacientes morriam aos milhares”, a reportagem incorre num erro
grave. Justifique.
a) Ciclo lítico, pois a doença evoluiu de uma forma muito rápida, matando milhares de pessoas.
b) Antibióticos não atuam contra vírus, pois a ação dos antibióticos se dá em parede celular ou em membrana ou em metabolismo, coisas que vírus não possuem.
8)  A varíola é um dos maiores matadores da história. Mas agora ela está à mercê da humanidade, com o vírus vivo em  apenas dois laboratórios, nos EUA e na Rússia. Então por que, em vez de dar o esperado golpe de misericórdia, a Organização Mundial da Saúde votou por adiar sua destruição?
A OMS diz que é para permitir que as pesquisas continuem. Mas até outubro, D. A. Henderson, que conduziu a campanha de erradicação da varíola, dizia que as últimas amostras do vírus deveriam ser destruídas. O vírus vivo é inútil  para  o  teste  de  novas  drogas  e  vacinas  potenciais,  ele  escreveu,  já  que  afeta  apenas  humanos. Então, o que mudou? A resposta é que a equipe de Peter Jahrling, no Instituto de Pesquisa Médica para Doenças Infecciosas do Exército americano em Fort Detrick, Maryland, finalmente conseguiu infectar um punhado de macacos cinomolgos. Eles ainda não têm um modelo animal perfeito da doença, mas esperam que logo possam testar vacinas, drogas e ferramentas de diagnóstico. (…) (Folha de São Paulo, 29/01/2002, com adaptações)
Baseando-se no texto e em conhecimentos sobre e mecanismos de infecção dos vírus, justifique o motivo pelo qual ainda não se tem um modelo animal perfeito da doença, apesar dos testes em macacos cinomolgos. (Leve em conta o trecho grifado).
O vírus da varíola utiliza receptores celulares presentes apenas em humanos. Nos macacos cinomolgos devem existir receptores semelhantes, porém não iguais.
9)  Analise os textos e responda.
Texto I

“… Neusa Molina sentiu-se tão mal que procurou o hospital da cidade onde morava, Tupi Paulista. Duas horas depois seu estado havia piorado. Menos de 48 horas depois entrou em choque, com grave insuficiência respiratória. Morreu afogada pelas próprias secreções pulmonares. A doença fez uma vítima fatal em dois dias. Diagnóstico inicial: dengue. Denis, filho de Neusa Molina, inconformado, buscou ajuda no Instituto Adolfo Lutz. Uma equipe do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) analisou amostras do sangue da mãe de Denis. Resultado: Síndrome Pulmonar provocada por um hantavírus, um vírus mortal transmitido por ratos, mais precisamente: a contaminação se dá no campo, no solo, na terra, através do contato pelo ar com partículas de urina ou fezes de ratos. Os cientistas conhecem pelo menos 14 tipos de hantavírus. Dois têm os mais numerosos registros de casos de doenças em todo o mundo: o que causa a febre hemorrágica com síndrome renal (HFRS) e o que provoca a síndrome pulmonar (HPS).” (Extraído da Revista ISTOÉ, 1º/julho/1990, com adaptações.)

Texto II
Causa das mortes em São Sebastião/DF identificada: contaminação por hantavírus”.
(Extraído do Jornal de Brasília, 01 de julho de 2004, com adaptações)
a) Se os vírus são considerados organismos tão específicos quando relacionados ao seu preferencial  hospedeiro, como se explica que tenham se instalado tanto no rato como no homem?
b) Uma vez que os ratos não desenvolvem a doença, eles se comportam, então, como meros reservatórios, enquanto que nos homens, a doença se manifesta. Com base nestes modos de ação, cite que tipo(s) de ciclo(s) reprodutivo(s) os hantavírus apresentam. (Leve em conta as evidências destacadas nos textos.)
a) Devido ao parentesco evolutivo (ambos são mamíferos), ratos e homens possuem receptores comuns. O Hanta vírus provavelmente utiliza um desses receptores comuns para se instalar em ambos os hospedeiros.
b) No rato: no máximo lisogênico, mas provavelmente nem entra nas células para ser eliminado através da urina ou fezes; no homem: lítico (provoca doença pulmonar ou renal).